Olá, boa noite e obrigada a todos por terem vindo assistir ao espetáculo da Oficina de Teatro da turma do 10º ano.
Gostava de vos
apresentar rapidamente o nosso trabalho, baseado na peça de José Saramago, Que
farei com este livro? publicada em 1980.
Os 34 alunos da
turma do 10º ano leram a obra, refletiram sobre a mensagem e adaptaram pontualmente
algumas falas da peça. Todos os alunos aprenderam um papel e prepararam a sua
subida ao palco tratando igualmente de todas as outras questões ligadas à
montagem de um espetáculo teatral: do cenário, dos sons, das luzes, dos
adereços e do guarda-roupa para dar apenas alguns exemplos. Outro contratempo
que nos surgiu prende-se com a baixa médica da professora e com a taxa de
ocupação deste anfiteatro que nos obrigou a só poder apresentar o nosso
espetáculo hoje, dia 13 de junho. Alguns de nós não podem estar presentes e
foram substituídos, em cima da hora, por alunos da turma de 3e da Secção
Portuguesa a quem agradecemos a disponibilidade para nos ajudar. Faço por isso
questão de os referir individualmente: a Eléonor Poujol, a Helena Sotero, a
Lara Varandas e a Sara Pires da Cruz.
Passemos à obra de
Saramago cuja escolha merece uma explicação:
·
Que farei com este livro? leva-nos até ao
século dezasseis, mas mantem a sua atualidade, no que diz respeito à importância
da leitura e dos artistas na sociedade portuguesa por parte de quem está no
poder. Ontem, como hoje, os escritores nem sempre mereceram, e nem sempre
merecem, a atenção que se impõe: Camões e Saramago souberam-no bem! A obra é
ainda atual pela presença da corrupção: para se conseguir publicar e
divulgar um livro há que conhecer as pessoas certas, há que procurar apoios que
não surgem sempre pelo valor que a obra tem…
·
Quando
se celebram os quinhentos anos do nascimento de Luís Vaz de Camões,
pensámos que seria uma boa maneira de festejar o valor do Príncipe dos Poetas
mostrando as dificuldades que teve para publicar “Os Lusíadas”. Numa sociedade
corrupta, como era a sociedade portuguesa da década de setenta do século XVI,
vemos como lutou um escritor para imprimir a sua obra num contexto complicado
que nunca é demais recordar:
- As viagens marítimas portuguesas tinham
começado há mais de cem anos;
- Portugal tinha visto chegar muita
riqueza de além-mar e já começava a entrar em decadência;
- D. Sebastião tinha, à época, dezasseis
anos, não queria casar e sonhava com Alcácer-Quibir para relançar a expansão
marítima;
- Esse nosso rei vivia rodeado de gente
que o queria manipular, desde a família até à Inquisição;
- A Inquisição tentava controlar tudo e
todos censurando livros e prendendo injustamente pessoas;
- A Corte, o rei e o neto de Vasco da Gama
não se interessavam por livros;
- Portugal estava a dez anos de perder a
independência e de ficar sob o domínio filipino.
E mais não digo
para vos deixar descobrir o trabalho que realizámos. Agradeço, em nome da
turma, a todos os que nos ajudaram a montar a peça: Antoine Patry, Maja
Perthuisot, professores do 10º ano, Isabel Patrício e, por último, mas não
menos importante, todas as nossas famílias. Agradeço que desliguem os
telemóveis e que não tirem fotografias com flash
durante a representação.
Bom espetáculo!
Sem comentários:
Enviar um comentário